A nova Honda WN7 tem carga rápida e até modo ré, mas sua maior inovação é a frenagem regenerativa que simula o freio-motor.

Durante anos, os entusiastas do motociclismo temeram que a eletrificação significasse o fim da emoção. Máquinas silenciosas, práticas, mas sem alma. A Honda, mestra em equilibrar inovação e paixão, acaba de responder a esse medo com a WN7, uma naked elétrica que não apenas abraça o futuro, mas o torna genuinamente divertido, materializando o ambicioso “EV Fun Concept”. Esta não é apenas uma moto elétrica; é uma declaração de que o torque instantâneo, aliado à engenharia de ponta, pode superar a nostalgia do motor a combustão.
O Segredo da Performance: Bateria Como Estrutura e Torque Brutal
A Honda WN7 não busca meramente adaptar a propulsão elétrica a um chassi existente. Ela representa um renascimento da engenharia de motocicletas, similar à forma como os grandes modelos esportivos usam o motor a combustão como parte integrante do quadro.
Arquitetura Inovadora: O Chassi de Bateria
A inovação técnica mais importante da WN7 reside em sua arquitetura de chassi. Tradicionalmente, o quadro envolve o motor e a bateria. Na WN7, a caixa de íon-lítio de 9,3 kWh é o componente estrutural primário.
- Função Estrutural: A caixa de direção e o braço oscilante traseiro são fixados diretamente à carcaça da bateria.
- Benefícios de Dirigibilidade: Ao integrar a bateria (o componente mais pesado) diretamente ao chassi, a Honda alcança uma centralização de massa quase perfeita. Isso se traduz em agilidade inigualável, resposta rápida nas curvas e uma sensação de pilotagem leve e coesa.
Esta abordagem não só otimiza o peso, mas também garante que a WN7 honre a linhagem naked da Honda, capturando a leveza e a precisão vistas em modelos a gasolina aclamados como a CB650R e a poderosa CB750 Hornet. Se você está preocupado que a era EV signifique motos sem garra, a WN7 oferece uma nova perspectiva de performance. Para entender como o torque instantâneo redefine a velocidade, você não vai acreditar no quão rápido um EV pode ser, a ponto de precisar de freios de corrida.

Potência de Média Cilindrada com Vantagem Elétrica
Equipada com um motor elétrico refrigerado a água, a WN7 entrega números impressionantes que a colocam em pé de igualdade com motocicletas a gasolina de 650cc:
| Potência Máxima | Aproximadamente 67 cavalos |
| Torque | 74 lb-pés (liberação instantânea) |
| Transmissão | Correia e caixa de marchas, suave e silenciosa |
O pico de 74 lb-pés de torque é liberado de forma imediata, garantindo acelerações explosivas e retomadas que superam facilmente a maioria dos motores a combustão de cilindrada similar. A WN7 promete uma pilotagem simples, esportiva e focada na diversão pura, confirmando a visão do EV Fun Concept.
Autonomia, Recarga e o Dilema do Power Pack
A Honda posiciona a WN7 como uma moto perfeitamente viável tanto para o uso diário em centros urbanos quanto para o lazer nos finais de semana.
Autonomia e Flexibilidade de Carregamento
Com uma autonomia de cerca de 140 km (87 milhas), a WN7 se encaixa confortavelmente no perfil de deslocamento médio da maioria dos motociclistas. Seu sistema de carregamento é um ponto forte:
- Carga Rápida (CCS2): De 20% a 80% em aproximadamente 30 minutos, tempo comparável a uma pausa para café.
- Carga Doméstica: Carga completa em menos de 2,5 horas em uma tomada padrão.
No entanto, a Honda tomou uma decisão estratégica que levanta dúvidas no mercado: a WN7 não utiliza o sistema de baterias intercambiáveis “Power Pack e:” da marca. Para o motociclista urbano que busca a máxima conveniência e pretende resolver o problema da ansiedade de autonomia, a ausência da bateria trocável é vista por especialistas como uma oportunidade perdida. O mercado, enquanto isso, busca soluções radicais para a autonomia, como vemos em como um carro de hidrogênio está resolvendo o pesadelo dos elétricos.

Tecnologia que Coloca o Piloto no Controle
Para maximizar a experiência de pilotagem e a segurança urbana, a WN7 inclui tecnologias focadas na usabilidade:
“A WN7 foi desenhada para ser simples e intuitiva, mantendo o espírito fundamental do motociclismo, mas com as vantagens da eletrificação.”
- Deceleration Selector: Permite ao piloto escolher o nível de frenagem regenerativa. Isso não só recupera energia, mas também simula a sensação de freio-motor, crucial para pilotos acostumados com motores a combustão.
- Walking Speed Mode: Um modo de baixíssima velocidade (para frente e ré) que simplifica manobras em garagens apertadas ou trânsito parado, um recurso prático para as grandes metrópoles brasileiras e globais.
Se você adora a sensação de uma naked pura, a WN7 rivaliza diretamente com novas propostas do mercado. A Can-Am Pulse, por exemplo, é outro nome forte no segmento que promete ser a solução definitiva para o trânsito.
Estilo e Identidade: O Legado CB na Era EV
A Honda WN7 estabelece uma nova identidade visual limpa e moderna, com um toque sutilmente futurista. O design é musculoso, mas compacto, mantendo a agressividade típica das naked.
O esquema de cores predominante, preto com detalhes em dourado, realça a natureza premium da motocicleta. O destaque estético fica por conta da iluminação: uma barra de luz horizontal que atua como farol principal. Este elemento não é apenas um detalhe de design; a Honda pretende que esta barra de LED se torne uma assinatura visual instantaneamente reconhecível em seus futuros veículos elétricos. Essa aposta em design futurista, mas elegante, ecoa tendências que estamos vendo em outros lançamentos de veículos elétricos globais, como o visual que faltava nos EVs da Audi.

A Prova de Conceito: O Futuro da Honda em Duas Rodas
A Honda WN7 não é apenas mais um modelo na linha de produção; é a prova de conceito de que a eletrificação não exige o sacrifício da performance, do design ou, mais importante, da diversão.
Ao invés de tentar substituir diretamente modelos de alta cilindrada, a WN7 se estabelece como uma alternativa empolgante, prática e, crucialmente, inovadora. Para aqueles que amam o ronco do motor, a Honda ainda investe em modelos clássicos e consagrados, revitalizando seu apelo, como é o caso da CB650R, que teve suas cores revitalizadas para 2026.
A Honda WN7 mostra que, com a engenharia correta—neste caso, usando a bateria como espinha dorsal da moto—é possível criar um veículo elétrico que não apenas cumpre sua função de transporte sustentável, mas também inspira a paixão pela pilotagem. Este lançamento consolida a posição da Honda na vanguarda da mobilidade elétrica de duas rodas, garantindo que o espírito do motociclismo permaneça vivo e vibrante na próxima década.















